terça-feira, 6 de setembro de 2016

DISCIPULADO É PAIXÃO POR VIDAS


DISCIPULADO É PAIXÃO POR VIDAS

Onde está a sua paixão, aí está a sua vida. Onde está a sua visão, aí está o seu sonho. Você só faz algo com toda a força da sua vida se você for vocacionado, senão você murmura, desiste e se desvia. Quando, porém, você é chamado para fazer o que Deus lhe pediu, quanto mais você
faz, mais alegria sente.

DISCIPULADO NÃO É TENSÃO PSICOLÓGICA

Qual o prazer e a alegria que temos em cuidar das vidas, quando não estamos dando conta da nossa própria vida, da nossa saúde, da nossa família, das coisas que temos e que somos?
Discipulado não é tensão psicológica, mas prazer ministerial. Isso é discipulado. Precisamos romper com as tensões psicológicas e mergulharmos, literalmente, no princípio, no prazer vocacional. Precisamos descobrir que somos vocacionados por Deus para cuidar de vidas.
Onde está a nossa vocação, está a nossa alegria. Se você entender essa verdade, não sofrerá nem precisará adotar situações para sofrimento. É como se precisássemos drenar da nossa vida aquilo que está nos levando à doença, e agregar à nossa sorte aquilo que acumula saúde e vida. Necessitamos viver uma qualidade de vida melhor.
Se discipulado é para nos adoecer e nos matar, então não é bênção de Deus nem foi Deus quem nos deu. Se discipulado é para nos fazer infelizes, não é chamada divina. Discipulado é o prazer do Céu em nós para liberarmos os oprimidos do diabo, de forma que vejamos a gloria de Deus na vida das pessoas e nos alegremos pelo resultado. Não devemos nos entristecer, como muitas vezes acontece, porque há pessoas há 10, 15, 20 anos que não se deixam ser cuidadas, não se permitem ser tratadas. E nós ficamos apanhando por causa delas.
Se você é casado, você e sua esposa são uma só carne. Logo, o que ambos fazem repercute no ministério. Não somos isolados, afinal, não somos contratados, mas caminhamos por aliança. E assim é no discipulado. O discipulado não é um contrato, mas uma aliança. E quantas alianças realizadas em Atos Proféticos, diante de tudo o que a Bíblia nos revela não ser contrato, mas uma aliança firmada em Deus.
Temos aprendido que os aliançados são indesistíveis, mas os contratados não são permanentes. As pessoas de contrato vivem de licitações espirituais, Na próxima jogada, mudam o foco. Precisamos entender que não estamos vivendo por licitações, mas alianças; todos por um mesmo foco.
E, apesar de sabermos que na questão das alianças existem algumas angústias, também temos a convicção de que venceremos juntos, pois é na angústia que nascem os verdadeiros irmãos. Quando um discípulo nos deixa no tempo da angústia, é porque encontraram uma Licitação melhor e um contrato maior.

ÁGUAS PROFUNDAS

O entendimento sobre o que é, de direito e de fato, a chamada do discipulado responsável nos faz descobrir que
ainda que em algum momento tenhamos criado a nossa lagoa, somos Líderes e discípulos do mar, das águas profundas, de Ezequiel 47.
Existem Líderes que são de margem e existem líderes de profundidade. E esta é a nossa responsabilidade no discipulado: quanto mais profundidade, mais riscos; em compensação, mais de tudo que não se encontra apenas no raso.
Quem tem medo de mergulhar não encontra os tesouros e, o pior, ainda critica quem busca o que é raro. Se você é do tipo que não quer sair do raso, também não critique quem está em busca de algo mais (e que vai encontrar!), porque é bíblico: "E eu vos digo a vós: Pedi, e der-se-vos-á: buscai, e echareis: batei, e abrir-se-vos-á; porque qualquer que pede recebe; e quem busca acha; e a quem bate abrir-se-lhe-á." (Lucas 11:9,10). Quem busca e encontra tem o direito de usufruir o tesouro que encontrou nas águas profundas.
O Salmo 104 nos ensina a mergulhar em águas profundas, mas mostra que Leviatã quer destruir nosso mergulho e nos impedir de encontrar os tesouros. Que você seja daqueles que mergulham profundamente nos rios de Deus, encontram e usufruem os tesouros das águas profundas.

FORMAR UM DISCÍPULO NÃO É FÁCIL

Não é fácil formar discípulo, nunca foi e nunca será, mas é possível. Na chamada de formação de discipulado, devo alertá-lo que não temos o direito a gestação complicada, a menos que seja uma anomalia.
O Apóstolo Paulo disse: "Filhinhos meus, por quem de novo sinto dores de parto, até que Cristo seja formado em vós." (Gálatas 4:19). Existem pessoas pelas quais sentimos mais dores na formação, mas isso não é para todos.
Formar um discípulo e tratar caráter requer disponibilidade de ambos. Discipulado, quando é realizado na essência, é a maior verdade do Reino de Deus. Discipulado, quando é realizado só no discurso, é a maior mentira para nós mesmos.
Para ser um bom discípulo, a pessoa precisa de um excepcional discipulador. A questão é que não sabemos o que é o verdadeiro discipulado, porque, muitas vezes, não fomos discipulados pelos nossos pais, pela Igreja, e o que temos é um desenho melhorado de discipulado, por um esforço coletivo. O verdadeiro discipulado, porém, demanda dois esforços: de quem discipula e de quem é discipulado; disponibilidade de quem trata e de quem recebe o tratamento.
Igreja está vivendo uma das crises mais sérias, por que as pessoas não querem se submeter. Elas preferem ser guiadas por máquinas. Não é de se admirar que muitos adotaram as redes sociais como seus discipuladores. Isso é tão verdade que muitos estão tão ocupados com as redes sociais que não leem mais a Bíblia, não dobram mais os joelhos, não procuram mais os seus líderes ...
Essa crise que a Igreja vive tem atrapalhado o tratamento de caráter. E muitos não têm sido formados no caráter de Cristo porque não querem. O mover que vimos antes do Brasil ser transformado apenas pelo Senhor e o nosso bom testemunho indo à nossa frente, foi uma graça pelo derramar do Espírito. Não tínhamos mídia, como ainda não temos, e tocamos uma Nação e as nações da Terra. Só que agora, para continuarmos na caminhada que recebemos do Espírito, é preciso vir o fruto permanente e maduro que muitos não conseguiram gerar, porque se perderam na tecnologia.
A Igreja não é mais tratada como antes, não porque falte tratamento, mas porque falta submissão. Alguns acham que estão sendo invadidos no espaço e liberdade, o que chamam de privacidade, quando sabemos que não é por invasão que não se permitem ser alcançados.
Para um discípulo alcançar êxito, é preciso muito mais que se reunir semanalmente com o seu discipulador, mais que ler a Bíblia e orar. Claro que tudo isso é importante, mas quem não se abre para receber tratamento também não tem uma vida transformada. E eu provo, porque o religioso lê Bíblia, ora, vai à Igreja, jejua, e não passa de um religioso.
Ele usa tudo isso como escudo para se proteger, mas não deixa ninguém entrar na sua vida, pelo medo de mostrar o quão ferido é e o quanto precisa de libertação, cura e restauração.
Se o discipulador não entra na vida do discípulo, o discipulado se torna uma proposta mentirosa. O que vale no discipulado não é apenas estímulo; o funcional é entrar na vida do discípulo, caso contrário, o discipulado se torna apenas uma reunião social.
Houve um tempo no qual Jesus trabalhava com os discípulos assim: Ele perguntava e eles respondiam. Era importante os discípulos saberem quem Jesus era e quem eles eram em Jesus. Nesse relacionamento de confiança, os discípulos de Jesus prestavam relatório de tudo. Hoje nem sempre essa tem sido a realidade do discipulado. Logo, concluo que as pessoas não se abrem com medo de ficarem reféns do Líder.

O MEDO NO DISCIPULADO

Você sabia que muitos discípulos têm medo de abrir a vida para o Líder e se transformarem na piada da célula, dos 12 ou até mesmo do púlpito? Ora, quando um discípulo procura ajuda no Líder é porque quer ser curado. Então, as pessoas não abrem o coração não porque não queiram, mas por medo de se tornarem reféns da boca maldita de alguns discipuladores que não têm piedade.
O maior medo no discipulo do hoje é a falta de ética e de respeito com as vidas que confiam no Líder. O discípulador precisa ter ética. Assim como um médico não pode relatar o que conversou com o paciente que entrou antes no consultório, o discipulador não deve contar a outras pessoas o que seu discípulo lhe confidenciou.
Todas as vezes que você expõe a vida de alguém, a pessoa sabe que assim como você está fazendo com aquele que confiou seus segredos a você, o mesmo você fará com ele. Todas as vezes que você utiliza alguém como ilustração, o outro já sabe que a próxima ilustração será ele.
A crise no discipulado se chama hoje confiança. Ninguém tem mais confiança no outro. As pessoas têm a boca solta e saem disseminando a vida do outro. E um discipulador não deveria receber esse nome se expõe a vida dos discípulos. Ele pode ser tudo, menos discipulador.
A Igreja se tornou um apogeu de fingimentos. Um finge que discipula e o outro finge que é discipulado. Mas ninguém tem coragem de abrir o coração, porque o discípulo não se sente livre para contar os seus segredos. E todos nós sabemos o quanto precisamos de um ombro amigo e confiável para desabafar. Não podemos ficar como uma bomba relógio ou com um gigante adormecido que a qualquer hora pode acordar.
O correto seria que quando chegássemos ao sacerdote, tudo fosse colocado debaixo da luz para que as trevas perdessem as forças. As pessoas só são libertas quando confessam os pecados diante dos sacerdotes que têm olho de cura para o discípulo. A revelação em Tiago diz: "Está alguém entre vós aflito? Ore. Está alguém contente? Cante louvores. Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados. Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode  muito em seus efeitos." (Tiago 5:13-16). 
É para isso que servem os presbíteros, sacerdotes, Pastores, discipuladores, para arrancarem o peso do pecado, derramarem óleo novo sobre as vidas e manifestarem libertação sobre o caráter do povo.
Hoje, o que as pessoas pensam é que se for para ficarem na mão de um discipulador maligno, debaixo da mesma condenação, é melhor caminharem sozinhas, pois não precisam de um novo condenador.
As pessoas, quando chegavam diante de Jesus, que tinha poder para julgar e mandá-Ias para o inferno por causa do pecado, ouviam: "Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais." (João 8:11). E você não encontra na Bíblia nenhum registro de Jesus expondo o pecado e contando vantagens pelos Seus feitos. Independente do pecado das pessoas, Jesus silenciava, pois sabia que a Sua boca era de libertação e cura, e Sua vida era para levar as pessoas a outro nível, de maneira a terem um encontro real com Deus e serem cheias do Espírito Santo.
Infelizmente, muitos lideres, em busca de mostrar que são o que não são, saem falando sobre a vida dos discípulos e mostrando o que fizeram, quando, muitas vezes, nem fizeram.
O que precisamos? Precisamos descobrir a pessoa em Cristo que vai nos formar para sermos apaixonantes, de forma que, por onde passarmos, deixemos a marca do Reino, a marca de Jesus.

Renê Terra Nova
A Força do discipulado - 2013


Páginas 71-84

Encontro Imersão Líderes 2020

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